Eu não sei que conceito é esse de "jogar brasileiro" que vocês estão falando. Vocês podem me dar uma referência objetiva e concreta?
O Brasil tem vários times que as pessoas esquecem que não se encaixa nesse imaginário que muita gente imbecil e que não sabe escrever criou: 1990, 1974, 2006, 1994, 1966, 2010 (?). Vencedores ou não, são times que são o oposto desse conceito (ou o que eu imagino que ele seja). Não me parecem exceções. Acho que fazem parte dessa nossa cultura também. Entendo rejeitar esse futebol do Dunga, mas rejeitar ele com base em "nossa história gloriosa" é de fazer rir..
O "jogar brasileiro" faz muita referência ao que o torcedor e a imprensa esportiva gostariam de assistir num jogo de futebol. A meu ver, remete-se fundamentalmente aos times anteriores à década de 70. As seleções de 58 e 70 são exemplos formidáveis.
Claro que o futebol depois de 70 mudou muito. Regras, globalização, conceitos novos... As seleções que não se adequam ao "jogar brasileiro" não são exceções, são casos que simplesmente não agradaram ao público, tendo ganhado ou perdido.
O futebol brasileiro sempre primou por ser inventivo, por ser dinâmico. Acho que mesmo essas seleções que vc citou tinham um pouco disso. Em menores doses que as de 58, 70 e 82, é verdade, mas tinham...
Enfim, acho que o "jogar brasileiro" não é uma marca dos times brasileiros, mas simplesmente o que o torcedor espera dos times brasileiros. Não é uma qualidade de todos os times, mas um potencial desses times.
Eu tenho só 20 anos e acho um horror dizer isso. Querem me impor uma cultura futebolística que eu não tenho. Eu nasci em 1990 e o que eu cresci vendo não tem nada desse discurso de "futebol brasileiro"... vejo um, mas não com essas características bobas, esvaziadas, formalistas..
E qual seria o futebol brasileiro que vc vê?
Pra mim, a característica principal do bom jogador é a inventividade. Como no Brasil temos mais bons jogadores do que em qualquer outro lugar do mundo, é provável que tenhamos uma probabilidade maior de formar uma seleção mais inventiva que as outras.
Futebol não é matemática e não engulo essa coisa de dificuldades contra times muito fechados. Cada jogo é um jogo, Bolívia adotou certos procedimentos que ,DEFINITIVAMENTE, NÃO SE REDUZEM SOMENTE A DEFENDER e conseguiu empatar, ganhar, não lembro. Os EUA são uma seleção bem melhor que a Bolívia e ao não ofereceu um contra-ataque ao Brasil em 45 minutos, numa final de competição. O Brasil virou esse jogo.
Futebol não é matemática, mas pode ser estudado. No caso do Brasil a coisa é um pouco mais difícil por causa da tal inventividade. É muito mais fácil prever o que o Bayern de Munique vai fazer durante um jogo do que o Santos. A final da UCL foi assim. Mourinho marcou o Robben pela esquerda e a defesa se preparou para possíveis bolas alçadas à área. Por que não mudar o Robben de lado? Por que não tentar alguma coisa diferente?
A seleção não é assim. Não foi com Parreira em 94, não foi com Zagallo em 98 e nem mesmo com o Lazaroni em 1990. E não será assim com o Dunga.